Quem viveu os anos 60, onde a Jovem Guarda ditava comportamento e moda através de suas músicas, conhece a prática de algumas bandas em regravar músicas internacionais. Na época, usava-se a mesma melodia e a tradução da letra não era ao pé da letra mas era fiel ao conteúdo. Por exemplo, a música “Help, get me some help” da dupla Ottawan foi traduzida para “Vem me ajudar” pela banda The Fevers.
Depois dessa época, outros artistas brasileiros passaram a “traduzir” as canções internacionais. A dupla Sandy e Júnior emplacou o sucesso “Não ter”, inspirado em “Non C’e”, da cantora italiana Laura Pausini. A roqueira Rita Lee costumava traduzir as canções da banda “Beatles”, como fez em “Tudo Por Amor”, que teve como base “Can’t Buy Me Love”. Além destes, houve Zezé de Camargo e Luciano usando melodia de Backstreet Boys, Kelly Key se inspirando em Aqua e o trio KLB regravando músicas de Robin Williams e Frankie J.
A famosa “Bate Bate Bate Na Porta do Céu” do paraibano Zé Ramalho, veio de “Knocking On Heaven’s Door”, de Bob Dylan. Uma das mais fieis à letra original, gravada pelos Engenheiros do Hawaii, “Era um garoto, que como eu” veio de “C’era un ragazzo che come me”, do italiano Gianni Morandi. E quem nunca cantou “O amor e o poder”, de Rosana, que teve como referência “The Power Of Love”, de Air Suply”?
Forró das antigas
Por volta dos anos 90, bandas de forró buscaram retomar a prática. Para isso, usavam músicas de sucesso internacional do momento – normalmente propagadas por novelas. Porém a tradução não correspondia a nada do que a música original trazia. Por muitas vezes a versão brasileira era tida como cômica devido a esse aspecto. Os fãs das músicas originais não perdoavam as novas versões e diziam até que as bandas de forró “estragavam a música”.
A famosa “Without You” na versão da cantora Mariah Carey passou a ser “Paulinha” na voz da banda de forró sergipana Calcinha Preta. Enquanto uma trata de um lamento devido a partida de um grande amor, a outra se queixa do casamento de Paulinha, que também representa um grande amor. A banda é conhecida pelo forró romântico, super produção em shows e figurinos que são uma atração especial a cada apresentação. Além de suas inúmeras formações, se destaca por suas versões em português de clássicos de rock e pop internacional.
“Torn” de Natalie Imbruglia tem como título “despedaçada” e fala sobre ilusão, quando “traduzida” pela banda Aviões do Forró, traz o tema do término de um relacionamento onde uma pessoa quer voltar, mas o seu par não aceita e se coloca como superior. O nome da música – Blá Blá Blá – já mostra o descrédito que o par tem para com o outro, que está arrependido e quer voltar.“A Thousand Miles“, da cantora Vanessa Carlton, que fala sobre saudade e distância de uma paixão, se transformou em um hino de auto-afirmação da cantora piauiense Stefhany, que usou seu próprio nome para titular a música “Eu Sou Stefhany”. A versão em português fez sucesso pelo conteúdo da música, “eu sou linda, absoluta”, e pelo emblemático clipe inspirado em performances da cantora Beyoncé.
Entre as bandas de forró, Limão com Mel, Painel de Controle, Noda de Caju, Tropikália, Calcinha Preta e Aviões do Forró são as que mais fizeram versões em português. O Tribuna do Ceará listou alguns sucessos, relembre:
1 – Cara Metade – Moleca Sem Vergonha (Hotel California – Eagles)
2 – Pétalas Neón – Noda de Caju (Mariah Carey – Hero)
3 – Aqui se faz, aqui se paga – Aviões do Forró (Set Fire To The Rain – Adele)
4 – Meu anjo azul – Gatinha Manhosa (Because of you – Kelly Clarkson)
5 – Meu mundo sem você – Noda de Caju (My immortal – Evanescence)
6 – Pra sempre – Limão com Mel (Lost In Love – Air Supply)
7 – Vida vazia – Desejo de menina (Long Night – The Coors)
8 – Esnobou meus sentimentos – Aviões do Forró (Umbrella – Rihanna)
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