quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Cúmplices na música

Eugênio Leandro e Márcio Catunda lançam CD e livro em celebração aos 40 anos de amizade e parceria artística
 O último CD do compositor Eugênio Leandro, natural de Limoeiro do Norte, foi lançado em 2007, apenas com músicas instrumentais. Segundo ele, a crise nas gravadoras e o consumo de música pela internet dificultaram o trabalho autoral que desenvolvia na época.
Durante esse hiato, o músico lançou livros, como "A Noite dos Manequins" e "As Moradoras do Céu", e continuou compondo para esperar o momento certo de montar uma nova obra musical. Um pouco antes disso, em 2001, ele gravou sua última obra cantada, intitulada "Castelo Encantado". Cerca de 15 anos depois, Eugênio está pronto para divulgar "Escrito nas Jangadas", seu novo trabalho autoral.
A ocasião não podia ser melhor e vai comemorar sua parceria de 40 anos com o escritor Márcio Catunda, um de seus grandes colaboradores desde a formação do Grupo Siriará de Literatura, em 1978, junto a Rogaciano Leite Filho, Airton Monte, Oswald Barroso, Rosemberg Cariry, Nirton Venâncio, Jackson Sampaio, Carlos Emílio, Batista de Lima e outros escritores
Na mesma época, Eugênio e Catunda criaram "Canto Provinciano", que deu o título do primeiro show do cantor e foi uma das poucas apresentações a lotar o auditório da faculdade de Direito da UFC, onde ele estudava. Depois de um tempo afastados e com a distância física que limitava o contato (Catunda serviu como diplomata na Bulgária, França, Peru e Espanha), Eugênio passou a encontrar nas poesias do amigo, mesmo de longe, um rico material para servir de base para suas canções.
Intercâmbio
Percorrendo pelo mundo até se instalar atualmente em Argel, na Argélia, Catunda continuou alimentando a criação artística de Eugênio. "Ele sempre mandava os poemas e, de acordo com a influência do lugar que ele estava, eu fazia uma canção inspirada nesse universo. Eu estava parado em Fortaleza e ele circulando pelo mundo", afirma Eugênio.
A musicalidade criada por Eugênio a partir dos versos de Catunda rendeu "Escrito nas Jangadas", um álbum com 10 músicas inéditas compostas pelos dois e, uma delas, com colaboração de Nonato Luiz. Entre as participações especiais no pocket show de lançamento estão Clarice Trummer, filha de Eugênio; Nonato Luiz, Fernando Néri e Izaíra Silvino. Outro nome que empresta sua voz ao álbum é o ator cearense Gero Camilo.
O lançamento, marcado para hoje no espaço Rogaciano Leite Filho, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, registrará o reencontro de Eugênio e Catunda, que está em Fortaleza para lançar o livro "Viagens Introspectivas", escrito em Madrid e em Argel. A obra é definida como uma colheita de poesia da maturidade como escritor, que aborda questionamentos existenciais do homem, sua liberdade, sua busca de plenitude e a consciência de sua espiritualidade.
Independente
Eugênio conta que o processo de produção do novo álbum foi difícil, já que não recebeu benefícios de leis de incentivo e considerava muita exposição optar pelo sistema de financiamento coletivo ou crowdfunding. "Fiz uma campanha no Facebook com os meus seguidores e amigos mais próximos, pedindo que eles colaborassem financeiramente com o álbum. Eles compraram o CD antecipado para cobrir os custos de produção", afirma.
O álbum começou a ser pensado em janeiro desse ano, quando o repertório foi escolhido e os detalhes musicais planejados. "O dinheiro foi chegando aos poucos e eu ia gastando de acordo com o que aparecia. Começou precário, mas depois chegaram mais recursos que me fizeram apostar na capa, nas fotografias, na embalagem. Foi possível também incluir os violinos e os metais nos arranjos".
Mais informações:
Show do álbum "Escrito nas Jangadas" e lançamento do livro "Viagens Introspectivas"
Hoje (14), às 19h, no Espaço Rogaciano Leite, no CDMAC (R. Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema). Entrada gratuita. Livro e CD estarão à venda no local. R$30 (CD), R$20 (livro) e R$40 (CD+livro). Contato: (85) 3488.8600Segundo Eugênio, esses meses de preparação também ensinaram novas lições. "Foi bom porque eu tive que reaprender tudo, uma forma de trabalhar principalmente com as novas possibilidades que temos nos estúdios", conta. A álbum deve ficar disponível em lojas físicas especializadas, além de pontos estratégicos de convivência, como bares e restaurantes.
O mesmo hiato que levou Eugênio a lançar um novo trabalho tanto tempo depois também rendeu material para futuros projetos. O compositor afirma que tem canções para mais alguns discos e torce para que não eles demorem tanto tempo para ficar prontos.

Fonte: DN

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