segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Mais de 3.000 crianças indígenas morreram no país em quatro anos

 


Em 2021, 486 crianças indígenas de 0 a 5 anos morreram no Brasil, segundo dados da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena). O número é menor do que o registrado nos três anos anteriores, quando morreram 809, 952 e 879 pessoas nessa faixa etária. Ainda assim, somados, foram 3.126 óbitos infantis desde 2018.  


De acordo com os dados da Sesai, as mortes até 5 anos representam 24,2% dos óbitos na população indígena em geral. Isso significa que, a cada quatro mortes, uma ocorre na primeira infância.

Além disso, mais de 70% das mortes registradas são de bebês com menos de 1 ano. Os números só levam em consideração os indígenas que vivem em aldeias localizadas em territórios demarcados e não contabilizam os que vivem nas cidades. Os registros no sistema podem demorar até dois anos, segundo a Sesai.

"A mortalidade de crianças indígenas de até 10 anos supera em até sete vezes a do mesmo grupo etário na população em geral. São 8,3 óbitos de crianças indígenas a cada 100 mil habitantes contra 1,2 óbito de não indígenas. Isso vem de antes da pandemia. A desigualdade é crônica na saúde indígena", revela o médico e pesquisador do Grupo de Saúde Indígena da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Andrey Moreira Cardoso.


Já o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Robson Santos da Silva, destacou ao R7 que os números estão em queda.

"De 2010 a 2013, foram 3.729 óbitos de crianças de até 5 anos; de 2014 a 2017, foram 3.360; de 2018 a 2021, houve uma baixa para 3.126. Infelizmente não é uma coisa nova, é histórico. As coisas melhoraram, mas a média de mortes está acima do normal. Não estou relativizando, mas está morrendo menos do que no passado. Tem muito trabalho a ser feito", disse.


Em 2021, o estado do Amazonas liderou o ranking de mortes de crianças indígenas de até 5 anos, com 127 óbitos, seguido por Roraima (75), Mato Grosso (66) e Pará (51). Apenas São Paulo, Ceará e Espírito Santo tiveram uma morte cada. É preciso levar em consideração como a população está espalhada no território brasileiro e o número de nascimentos por estado.


"A categoria indígena é heterogênea. Segundo o Censo 2010, ela representa cerca de 0,4% da população brasileira. São 900 mil índios, mas com uma enorme diversidade étnica: 305 etnias e 274 línguas. Estão sempre em desvantagem, mas apresentam diferenças regionais, assim como acontece com a população não indígena no Brasil", explica Cardoso, que também é membro do Grupo de Trabalho da Saúde Indígena da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).

Fonte: R7

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